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Diversão e Viagens

Vegetariando por Aí

Casal faz blog de viagem com dicas para veganos e vegetarianos e prova ser possível viajar sem perder a qualidade de alimentação
Bruno Torres
27/09/19

Daniele de Miranda é vegana há oito anos. Tiago Amorim, há cinco. Como muitos veganos e vegetarianos eles já passaram por vários perrengues para encontrar lojas e restaurantes especializados em lugares que visitaram pela primeira vez, ainda mais sendo viajantes assíduos.

Em razão dessa dificuldade, a educadora e cofundadora do grupo de educação em direitos animais União Libertária Animal (ULA) e o consultor e organizador do evento de empreendedorismo social Já Pensou resolveram criar um guia para registrar descobertas veganas em suas viagens, o Vegetariando por Aí. Com esse projeto, o casal quis ajudar vegetarianos e veganos a aliar o melhor da cultura de cada lugar com os valores da sua ideologia.

Daniele e Tiago já registraram suas viagens por lugares da América Latina e do Brasil. Geralmente, eles escolhem um destino internacional e de duas a três rotas nacionais por ano. São aproximadamente duas viagens por semestre.

Mesmo que o Vegetariando por Aí não seja o trabalho oficial do casal, eles pretendem se dedicar cada vez mais a ele.

Em entrevista exclusiva ao Portal NAMU, Daniele conta como é a rotina dela e de Tiago como viajantes veganos e como surgiu a ideia de compartilhar suas experiências em um blog.

Portal NAMU: Os veganos e vegetarianos normalmente gastam mais que onívoros quando fazem turismo? Daniele de Miranda: Isso depende muito do estilo de viagem de cada pessoa. Mas se formos comparar preços de restaurantes turísticos com os de restaurantes veganos que usam alimentos orgânicos, estes últimos podem ser mais em conta. Em Cusco, a alimentação era muito barata, e chegamos a pagar seis soles, por volta de sete reais, em uma refeição vegetariana completa, que consistia em um prato de sopa, um prato principal e suco. Mas a gente sempre pensa na alimentação vegana e orgânica mais como um investimento do que como uma despesa. Desde que nos tornamos vegetarianos, não usamos remédios e raramente ficamos resfriados. Durante as viagens, sempre praticamos muito esporte e nunca passamos mal por causa de alimentação.

Daniela de Miranda em Búzios

Quais são as saídas para um vegano/vegetariano em cidades pouco turísticas que absolutamente não tem nenhum restaurante especializado? Se estamos em um lugar sem restaurantes vegetarianos, procuramos lugares que tenham opção no menu, os chamados de vegan-friendly, ou restaurantes com buffet self service, que dá para construir o próprio prato com muitos legumes, verduras e grãos. De lanche, as oleaginosas, como um mix de nuts, é sempre boa opção de proteína e energia, além dos sucos das frutas regionais.

Planejar uma viagem já é algo trabalhoso para qualquer pessoa, pela procura de passagens, hospedagem, destinos turísticos etc. Quais são as outras preocupações que um vegano/vegetariano deve ter ao planejar uma viagem? Sempre procuramos por restaurantes vegetarianos e veganos no site Happy Cow. Também utilizamos as redes sociais para pedir dicas aos vegetarianos locais. Usamos a opção “meus mapas” do Google Maps para planejar o itinerário, incluindo no mapa os endereços dos pontos turísticos, do hotel e dos restaurantes, para saber quais estão por perto na hora da fome. Nós também pesquisamos se há atividades que exploram animais para evitá-las, como fotos com animais silvestres, aquários etc. Nas viagens internacionais, 24 horas antes do horário do voo, ligamos para companhia aérea para pedir o serviço especial relacionado ao tipo de alimentação. Muitas empresas já oferecem opção vegana se solicitada antes e algumas já permitem assinalar o pedido no check in online quando feito com antecedência. Uma parte que gosto muito de pesquisar antes da viagem é sobre as frutas e legumes regionais para buscar experimentar na viagem, além de pratos típicos e saber em quais restaurantes oferecem a releitura vegana desses pratos. No Peru, comemos ceviche, lomo saltado…tudo vegano, recriado com tofu, carne de glúten etc. Essas alquimias culinárias são muito interessantes.

Torta crudivora de chocolate e framboesas

Em alguns lugares, o veganismo e vegetarianismo podem ser vistos com estranhamento e até com certo preconceito. Como lidar com a pressão contrária em locais onde sua opção é considerada desimportante? Acreditamos que comunicar-se e manifesta-se é sempre muito importante para explicitar a demanda e promover as mudanças. Sempre mandamos muitos e-mails para os estabelecimentos antes da viagem perguntando por opções veganas. Assim as pessoas começam a pensar sobre o assunto, pesquisam e entendem melhor como implementá-lo e oferecê-lo aos clientes. A ideia é sempre questionar, informar e deixar uma semente. Hoje em dia, lidamos com isso de uma forma bem mais leve e natural e também vemos grandes mudanças na forma das outras pessoas encararem o vegetarianismo. Há sete anos era bem diferente. Hoje, passamos por um período de muitas mudanças em que o vegetarianismo e os direitos animais se popularizaram mais.

Vocês só dão dicas sobre lugares em que já estiveram ou também publicam sugestões que recebem de outras pessoas no blog? A gente tem a preocupação de deixar o blog bem pessoal e com a nossa cara já que ele começou como um relato das nossas próprias experiências de viagem. Apesar de focarmos nas opções alimentares veganas, isso se estende a toda nossa concepção de direitos animais. Há muitos detalhes nos textos sobre como o lugar trata os animais, as coisas que boicotamos. Agora, começamos a ampliar as informações, dando dicas de hospedagens vegetarianas, turismo ético, como pedir refeições veganas no avião etc. Já recebemos artigos feitos com muito carinho por amigos vegetarianos que viajaram e também quiseram compartilhar conosco suas descobertas. Ficamos muito felizes do Vegetariando por Aí estar sendo lembrado antes da viagem, que pode ajudar as pessoas a irem mais tranquilas, terem boas experiências e depois, servindo como um espaço para propagar isso.

Playa Roja Peru

Como foi a ideia de começar um guia de viagens especializado para o público vegano e vegetariano? Nas primeiras viagens não nos planejávamos antes, então acabávamos passando por aborrecimentos para comer, aceitando opções ruins e, às vezes, ficando a base de lanches. Quando fomos a Buenos Aires em 2011, nos falaram que íamos passar por dificuldades pois lá é considerada a terra da carne e do churrasco. Resolvi pesquisar antes e descobri que em Buenos Aires tinham muitos restaurantes vegetarianos. Mais do que no Rio de Janeiro. Encontrei tudo numa lista do site Happy Cow e levei tudo anotado. Ficamos tão felizes de comer bem durante a viagem que resolvemos criar o blog para registrar nossas descobertas e deixar disponibilizado para que outras pessoas também vejam como é possível e gostoso comer de forma vegana durante uma viagem. O Vegetariando por Aí seria um blog de viagens com dicas de onde comer vegano diferente dos blogs de viagem que só falavam dos restaurantes turísticos.

Fotos: Divulgação Vegetariando Por Aí


Veja também: Todo mundo pode ser vegetariano? Por que ser vegetariano? A difícil tarefa de ler rótulos


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