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Pesca

Pesca comercial ameaça cardumes

Estudo das Nações Unidas mostra que superexploração dos oceanos ameaça espécies com extinção
Bruno Torres
27/09/19

Em termos mundiais, estima-se que 30% dos cardumes sejam superexplorados, ou seja, estão em risco de não se recuperar dos danos causados pelo homem por meio da pesca, podendo até entrar em extinção. No Brasil, um estudo publicado em 2006 pelo Ministério do Meio Ambiente revelava quadro semelhante no começo dos anos 2000, em que 80% dos principais cardumes estavam “plenamente explorados, sobrepescados, esgotados ou em processo de recuperação”.

Segundo o relatório publicado em 2012 pelo Departamento de Pesca e Aquicultura da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a situação da fauna marinha pode estar piorando pelo aumento do número de cardumes superexplorados. Esse panorama apresenta riscos para os ecossistemas e para os humanos, uma vez que a pescaria e a aquacultura são, segundo o órgão da ONU, vitais para a segurança alimentar mundial.

O estudo da FAO também destaca as perdas econômicas que a superexploração da pesca pode causar, uma vez que a produção das indústrias ligadas à pesca pode diminuir significativamente. 131 milhões de toneladas de peixe foram destinadas ao consumo humano, beneficiando milhões de pessoas envolvidas com a pesca. Para os pesquisadores, a maioria dos dez principais tipos de peixe mais procurados está “completamente explorada e, portanto, não tem potencial para aumentar a produção, enquanto alguns cardumes estão superexplorados e aumentar sua produção pode ser possível se planos efetivos de reconstrução forem postos em prática”.

Pesca sustentável

Uma forma de manter a atividade econômica sem prejudicar o equilíbrio ecológico é buscar uma forma sustentável de pesca. Esse modelo de captura dos peixes é planejado de maneira que os cardumes tenham sua população preservada para que outras espécies e o próprio ambiente não sejam prejudicados. Segundo a FAO, “promover a pesca sustentável e a piscicultura podem tornar propício o manejo de um ecossistema mais amplo”, ou seja, esse tipo de pesca pode ajudar a reverter o cenário de superexploração dos cardumes e restaurar o equilíbrio do ecossistema.

Outras práticas possíveis

Para o consumidor pode ser uma tarefa complicada identificar qual peixe foi pescado de forma sustentável na hora da compra, pois a cadeia de produção é longa. Há outras formas de contribuir com a ecologia marinha, como evitar a compra de espécies em extinção. O movimento pela preservação do ambiente GreenPeace elaborou uma lista com os tipos de peixe ameaçados, como bacalhau, linguado, atum, camarão tropical, haddock, merluza, peixe-espada, salmão, tubarão e raia.

Outras medidas são recomendadas aos governos e suas organizações de preservação da natureza, como controle de acesso à pesca, limitação da eficiência de aparelhos, isolamento de áreas para pesca e a proteção de reprodutores das espécies.

Papel do governo

A pesca sustentável não envolve somente o consumidor e o pescador, afirma a FAO, que inclui também como agentes de mudança as lideranças políticas e governantes. No Brasil, o órgão responsável por viabilizar a pesca sustentável é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.

No que tange a pesca no Brasil, propor normas, critérios, padrões e medidas para o uso sustentável dos recursos pesqueiros são responsabilidades do Ibama, segundo o regimento interno do instituto. O GreenPeace aponta que a legislação para proteção dos cardumes em território brasileiro é eficiente em alguns pontos (como tamanhos para redes e malhas de pesca), mas ainda há falhas. “O Código de Pesca, que rege a atividade pesqueira no Brasil, é de 1967, época em que o cenário nacional do setor era bastante diferente do atual”, diz o relatório À Deriva, de 2008.

Em maio de 2013 a União Europeia fez um acordo para promover medidas em favor da pesca comercial sustentável depois da publicação do último relatório da FAO. Os principais pontos da mudança são a proibição do despejo de capturas indesejadas de volta ao mar e a definição da quantidade de quanto é possível pescar. O líder do programa de pesca do World Wide Fund for Nature Mediterranean (WWF) afirmou em entrevista ao New York Times que as medidas do acordo podem não ser suficientes para acabar com a superexploração dos cardumes e permitir que a fauna se recupere dos danos causados em um “prazo razoável”.


 

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