Defender a biodiversidade no setor agrícola é fundamental para garantir a segurança alimentar da humanidade. O modelo atual de agricultura extensiva, apesar de alegar aumentar o volume das colheitas, deixa de lado os conhecimentos ancestrais de cultivo natural e apreciação do alimento.
Bem viver, bem comer
A terra e a mesa, domínios da cultura humana, ficam em segundo plano para favorecer o lucro de poucos. É um panorama sombrio, mas não definitivo e felizmente há iniciativas em escala global para virar o jogo. Uma delas é o movimento Slow Food. Criado na década de 1980 pelo italiano Carlo Petrini, sua intenção é defender as culturas locais, o prazer gastronômico e um ritmo de vida menos acelerado.
A ideia de que o planeta poderia existir sem a presença do ser humano perdurou durante muito tempo. Hoje, esse conceito não faz mais sentido. O desrespeito à natureza, com a poluição, o uso inconsequente dos recursos naturais e a degradação dos biomas pode colocar em risco a existência de todas as espécies e o funcionamento dos ecossistemas.
O mundo tem jeito
É claro que não precisa ser assim. Podemos e devemos preservar o lugar onde vivemos, as relações socioculturais e econômicas para garantir nosso futuro. Se considerarmos somente um dos pilares da sustentabilidade, veremos que a perda progressiva da biodiversidade representa uma gravíssima ameaça para nosso futuro. Defender a natureza é também preservar a riqueza cultural agrícola dos povos e seu direito de escolher como cultivar, pastorear, pescar e colher conforme suas exigências e experiências adquiridas ao longo de gerações.
É inegável que os avanços científicos trouxeram muitos benefícios para a humanidade, pois graças à tecnologia é possível alimentar mais pessoas com menos recursos. Contudo, essa universalização dos meios produtivos com a finalidade apenas do lucro rápido tem prejudicado o meio ambiente e a mesa do homem moderno. Um exemplo disso é o cultivo do milho. As espécies obtidas por meio de engenharia genética são atrativas para o consumidor, mas representam uma incógnita para a biodiversidade.
Dinheiro não é riqueza
O desinteresse progressivo (e forçado por grandes empresas agrícolas) em cultivar variedades genéticas consideradas pouco produtivas tem prejudicado a perpetuação de alimentos tão antigos quanto a humanidade e gerado um círculo vicioso da falta de sustentabilidade, empobrecimento e fome.
O patrimônio agrícola genético é a maior riqueza que uma região pode ter. Em seu percurso histórico, a humanidade tem se beneficiado da natureza para se sustentar e construir sua cultura. Empobrecer a relação entre alimento e sociedade é caminhar no sentido da destruição e isso, eu aposto, ninguém quer.
Receita de bolo cremoso de milho
Ingredientes:
250 g de grãos de milho verde (se tiver acesso, priorize o milho andino. Você pode encontrar na Feira Boliviana da Cantuta, no bairro do Pari, em São Paulo)
4 xícaras (chá) de leite
3 ovos caipiras
2 colheres (sopa) de manteiga
1 xícara e ½ de fubá
1 colher (sopa) de fermento em pó químico
Manteiga e farinha para untar e polvilhar forma
Preparo:
Bater no liquidificador todos os ingredientes, menos o fermento em pó, que deverá ser acrescentado no final da preparação. Despeje a mistura em uma forma de 20 cm x 30 cm untada e enfarinhada. Leve ao forno médio, pré-aquecido, por 25 minutos ou até dourar levemente. Retire do forno, deixe esfriar e sirva.