Foi buscando uma saída para essa situação que o grafiteiro Denys da Silva, conhecido como Evol, criou em 2012, junto com o empresário Ricardo Lima, o site Olho da Rua, que oferece serviços de grafite a indivíduos e empresas interessados em modernizar seus espaços. Mais recentemente, a empresa também tem expandido seu campo de atuação para projetos de grafite digital e a realização de workshops na área.
“Em um certo momento a gente percebeu que daria pra transformar o grafite em um produto, o grafite comercial. A ideia inicial era montar um site para quando as pessoas procurassem alguém para fazer um trabalho comercial, encontrassem a gente”, conta o grafiteiro.
Evol posa em frente a grafite realizado especialmente para o programa CQC, da TV Bandeirantes
Quem procura os serviços da empresa encontra no site um “cardápio” com diversos artistas e pode escolher aqueles cujos traços e letras de grafite mais agradam. “O Evol tem um bom relacionamento com vários deles, então a gente consegue fazer essa mediação entre o cliente e o grafiteiro e fica bom para todo mundo. Ainda é um mercado que não tem muito padrão de valores, então muitos artistas tem dificuldades para negociar, não sabem precificar a tinta, por exemplo. Nós ajudamos com isso”, explica Lima.
Um dos principais diferenciais da empresa é a oferta do grafite digital, técnica criada pela mistura da pintura de grafite tradicional com artes digitais animadas via projetor ou telas de LCD. “É justamente essa ideia de unir tecnologia e grafite e sair um pouco do tradicional. O artista cria a arte, mas a interação e as animações sou eu quem faço”, afirma Ricardo Lima.
Apesar de se mostrar cada vez mais uma tendência, a ideia de grafite comercial também é alvo de críticas por estar supostamente se distanciando das origens subversivas da arte de rua. “Tem artistas que não aceitam trabalhar dessa maneira, que só fazem trabalhos autorais. Essa é uma questão polêmica ainda, alguns grafiteiros vão contra esse tipo de trabalho pois dizem que perde a espontaneidade”, relata Ricardo Lima.
No grafite comercial, geralmente o cliente apresenta um descrição com um tema específico, o que pode limitar a criatividade do artista. Mas é o preço a se pagar para a profissionalização da atividade e a possibilidade de se viver da arte.
“Até algum tempo atrás isso estava mais presente, mas hoje em dia muitos fazem isso também, é melhor trabalhar com grafite do que em outras atividades. São coisas diferentes, fazer meu grafite ali na rua, por hobby, e fazer o grafite comercial. Quando estou trabalhando, uso minhas técnicas pra reproduzir a imagem do grafite que o cliente está interessado”, explica Evol. Foto: Olho da Rua