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Gerais

Conheça os riscos do hidrogel

Substância utilizada com finalidade estética pode causar danos ao organismo se aplicada incorretamente
Bruno Torres
27/09/19

Em razão do apelo midiático, que reforça a busca por estereótipos de beleza, e dos altos custos de procedimentos cirúrgicos, muitas pessoas buscam alternativas, uma delas é a aplicação de produtos como o hidrogel. No entanto, o uso insdicriminado da substância pode trazer graves problemas para a saúde, como reações alérgicas e infecção generalizada. De acordo com a International Society of Aesthetic Plastic Surgery, a aplicação de produtos para preenchimento estético é o segundo procedimento não cirúrgico mais realizado no mundo e no Brasil, atrás apenas da aplicação de botox.

O que é o hidrogel

O hidrogel é uma poliamida sintética formada por uma composição 98% de água (ou soro fisiológico) e 2% de microesferas de poliamida. Esse produto é utilizado para preenchimentos estéticos, principalmente em pessoas que sofreram graves acidentes ou em indivíduos que querem aumentar as coxas e o bumbum.

Ao ser injetado na forma líquida no corpo, o hidrogel provoca uma reação natural do organismo. Os tecidos, buscando proteger o indivíduo desse corpo "estranho", aumentam a formação de colágeno e das células de cicatrização, provocando o crescimento do tecido.

“A aplicação é feita sob assepsia adequada e anestesia local. Uma vez que o produto for aplicado, deve-se fazer um acompanhamento médico rigoroso e periódico, reavaliando a região infiltrada”, explica Bruno Paulucci, médico com especialização em cirurgia plástica.

O uso do hidrogel não é aprovado pelo órgão norte-americano que regulamenta alimentos e medicamentos, o Food and Drug Administration (FDA). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou o uso desse produto, mas com a morte de uma pessoa em Goiânia, em outubro de 2014, o órgão suspendeu em dezembro a venda do produto em todo país.

“O produto já era utilizado em um período anterior ao cancelamento parcial do registro e a Anvisa permite que os produtos adquiridos antes desse período sejam utilizados. O que caracteriza irregularidade é a comercialização do produto após a suspensão do registro”, completa Paulucci.

Usos

O hidrogel é de uso exclusivo de médicos. Qualquer pessoa que for utilizar esse produto deve observar três cuidados básicos. São eles:

Origem do produto: peça ao médico para ver a embalagem, o prazo de validade e a autorização da Anvisa;

Clínica: é preciso ver ser o ambiente onde trabalha o médico que vai fazer a aplicação é adequado. Se essa clínica possui todos os requisitos legais para funcionar como tal. Quais são as condições físicas do lugar. Se há, para casos de complicações, todos os aparelhos e profissionais necessários para cuidar da sua saúde. Portanto, o hidrogel não deve ser nunca aplicado em estéticas ou salões de beleza;

Profissional: verifique se o médico está ligado à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ou à Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Esse procedimento deve ser feito apenas por profissionais médicos treinados, uma vez que há a possibilidade de complicações como infecções, necrose ou granulomas. Profissionais sem especialização não são capacitados e não têm respaldo legal para o tratamento das complicações”, afirma o médico. Se esse profissional não possui essas credenciais, a aplicação será feita de maneira ilegal e poderá oferecer riscos à saúde de quem a sofre.

“É necessário considerar alguns pontos importantes antes de se submeter a um procedimento como esse. O médico tem treinamento e experiência adequados na realização desse procedimento? O ambiente em que o procedimento será realizado apresenta condições adequadas de assepsia, conforme regulamentado pela Vigilância Sanitária? O indivíduo que será submetido ao procedimento está em condições adequadas de saúde física e emocional? Há boa relação entre o paciente e o médico que realizará o procedimento?”, questiona Paulucci.

Perigos

Ao contrário do que se imagina, o hidrogel não é absorvido pelo organismo. As esferas de PMMA são encapsuladas pelas células de defesa e se alojam no tecido gorduroso. O líquido utilizado para a aplicação é expelido naturalmente, enquanto o PMMA permance nos tecidos por até cinco anos. O problema é que ao se ligar à camada adiposa, parte do hidrogel se transforma em colágeno, o que impossibilita a remoção total do organismo. Muitos casos de erros nas aplicações ocorrem também por imperícia do aplicador, método errado ou superdosagem.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC), em razão de toda essa polêmica em torno do uso do hidrogel, publicou uma nota oficial, assinada pelo presidente da entidade, João de Moraes Prado Neto, na qual afirma que "a SBCP não recomenda o uso deste produto em procedimentos estéticos, ainda que a Anvisa admita sua utilização até o limite de 50 cc, em quaisquer que sejam as regiões anatômicas".

“A utilização negligenciada desse produto envolve riscos que variam entre o inchaço, dor moderada, hematomas e, em casos mais graves, infecções locais, formação de fibrose ou granulomas”, acrescenta Paulucci.

 ZaldyImg / Flickr / CC BY 2.0


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