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Existencialismo

O que é

O existencialismo faz parte de uma tradição filosófica que coloca em reflexão a existência individual, a liberdade e as escolhas pessoais. Ele investiga o ser, o existir das coisas e dos fenômenos do mundo. É nessa procura que o indivíduo é capaz de encontrar um sentido possível ao mundo.
O eixo central dessa nova visão da filosofia é uma inversão da relação entre ser e pensar. No pensamento clássico, era comum dizer que o homem existe porque ele é um ser que pensa. Para os existencialistas ocorre o contrário: a consciência humana pensa porque primeiro ela existe. É através desse factum inicial que o homem pode compreender a si mesmo e viver o mundo.
As filosofias da existência recusam a ideia de uma “ciência do ser”. Ela é desconfortável, porque não se trata de constituir uma disciplina que fixa um saber sobre a existência.
O tema da decisão está aparentado ao tema da crise. Crisis e decisão compõem o par inseparável do gesto existencial.

Origem do nome

É um neologismo a partir da filologia da palavra existentialis (existencial). Existencialismo pode ser desmembrado da seguinte maneira: 1. Através do prefixo ex (o que é exterior); o verbo sistere (o que toma uma posição); e o sufixo -encia(entia: que significa a qualidade de um agente). 2. O sufixo ismo, que indica o caráter de ser uma doutrina ou sistema.

No entanto, talvez não faça sentido falar que exista um dogma para as filosofias existenciais. Elas costumam negar a ideia de sistema filosófico, e colocam em primeiro lugar a subjetividade do indivíduo singular.

Histórico

Crise europeia: As dificuldades e angústias humanas estavam no cenário europeu entre o Século 19 e o Século 20. Um período marcado por muitas crises econômicas e guerras entre nações.

A maioria dos países ainda lutava pela formação definitiva dos seus territórios, como a Inglaterra, a França, Itália e Alemanha.

A produção de alimentos não atendia às demandas da população. Os postos de trabalho nas indústrias da época eram insalubres. E as distribuições de terras e de posses tornavam-se cada vez menos justas.

Manifestação popular:

Na vida prática e comum, os trabalhadores se organizaram e se uniram para um levante contra a servidão no trabalho, a má alimentação e a crise na representação política e a desigualdade social. Um exemplo histórico dessa insatisfação foi a famosa Revolução de 1848, uma onda de protestos chamada de “Primavera dos Povos”, que marcou profundamente a Europa central e oriental.

Sofrimento do indivíduo:

Os problemas da sociedade europeia colocaram as crises existenciais à tona. Uma onda de desconfiança e descrença assolou a Europa. As jornadas de trabalho deixaram de ser vistas como algo positivo.

As empresas e indústrias agora colocavam a religião em segundo plano e com menor prestígio. As sociedades, que começavam a se tornar massificadas, deslocaram muitas pessoas do seus papeis. Nobres e plebeus deram lugar ao conflito entre burgueses e proletários. Os surtos psicológicos e a violência social cresceram, e com eles as instituições de punição.

Surgiram manicômios, os intensos cobradores oficiais do Estado e dos bancos, além das doenças, com o sistema de saúde ainda precário. Para o indivíduo, o mundo parecia novo e bom, mas também ruim. É verdade que as revoluções industriais trouxeram novos produtos, conforto e um novo jeito de viver. No entanto, é verdade também que a vida também era muito cansativa, violenta, e por vezes desesperadora.

Reflexos no debate teórico:

Muitos pensadores procuraram entender essas mudanças do mundo e no indivíduo. A chamada filosofia do idealismo alemão foi a que melhor preparou o terreno dessa reflexão sobre a crise europeia do Século 19. Como pauta do dia estava o problema do fundamento dos direitos, do Estado e da religião.

A visão do existencialismo nasceu, portanto, das dificuldades reais da condição humana desse período. Apostou na ideia de que a transformação verdadeira do homem é anterior a tudo, aos problemas do pensamento e aos problemas da realidade social e econômica em que ele vive.

Atualidade

O existencialismo trouxe o sujeito para o centro do debate, num período que considerava muito mais os grandes projetos, a história total, o Estado, o Mercado, a Ciência e a Religião.

A ideia de liberdade, da construção da conduta é não só o alvo, mas o próprio critério da atuação. É uma chave, mas também um fardo dos tempos atuais.

Há quem veja na filosofia existencialista uma chave para a cura, ou também para a aceitação das dificuldades reais e objetivas do Século 21. Há uma dupla leitura.

Se a liberdade é algo pesado e que envolve responsabilidade, é ela que também justifica a mercantilização desenfreada dos valores da sociedade. A angústia, traço marcante do indivíduo que está desamparado, parece ter se transformado na ansiedade e na neurose aguda da sociedade contemporânea.

Há quem também veja as filosofias da existência como uma reflexão profunda da própria noção de “eu” para os tempos atuais, marcados pela crise de sentido. Encontramos, por fim, ainda uma terceira leitura, compreendendo que a luta por um mundo melhor passa por outras estratégias: a cura do indivíduo só é possível após a emancipação social. Esta seria uma retomada da alternativa que junte as duas leituras, como a perspectiva sartriana.

Fundamentos

Estilo de vida: Jacques Colette (1929), estudioso francês, compreende o existencialismo muito mais como um modo de vida do que como um estilo literário somente.

Vários olhares:

A problemática da existência não pode ser considerada uma problemática encerrada e sistematizada. Os autores são variados. Cada um opera em um registro diferente. Na esteira dos chamados autores existencialistas, há idealistas e realistas, racionalistas e irracionalistas, ateus e religiosos.

Não é possível falar de uma filosofia existencialista enquanto tal, mas de autores existencialistas marcados em sua singularidade. Época de mudanças: A segunda metade do século 19 e a primeira metade do Século 20 foram marcadas por um momento de liberação política, filosófica e literária.

A Escolha e a Liberdade:

O tema da decisão e da escolha é sem dúvida o mais marcante do existencialismo. O ser humano é livre para escolher. Só o que é livre pode se tornar responsável. Alguém só pode ser totalmente responsável se for totalmente livre. Por isso, opõe-se à forma clássica e tradicional das metafísicas anteriores, em que as teorias costumavam dividir a responsabilidade da liberdade, em que o indivíduo estava submetido a uma inteligência superior ou a um demiurgo.

Ansiedade e angústia:

São os traços da crise existencial do indivíduo. Kierkegaard, em sua obra O Conceito de Angústia (1844), compreendeu ambas como o sentimento geral de apreensão, que pode ser interpretado como um convite feito por Deus para que o indivíduo possa se engajar em uma vida que seja boa para ele, ainda que isso implique decisões radicais. O conceito de angústia também está presente na filosofia alemã (como Angst). Há uma compreensão similar em Martin Heidegger.

Segundo a filosofia alemã, a angústia porta o indivíduo a uma confrontação com o nada e a impossibilidade de encontrar uma razão última às escolhas que são feitas. Na filosofia francesa de Sartre, o termo “náusea” designa o estado de espírito do indivíduo, quando o mesmo toma consciência da pura contingência do universo.

A angústia é empregada, em geral, para qualificar essa relação entre a consciência da liberdade e o instante do indivíduo.

Liberdade: é o conceito usado para definir a modernidade do pensamento ou a autonomia da razão: o homem encontra-se liberto das imposições dogmáticas de épocas passadas. Deseja construir o seu destino como uma criação subjetiva de sua autoria integral.

É o interesse humano que molda a história moderna e resulta no progresso das ciências, das artes e das tecnologias. Ela é parte crucial do existencialismo. Nascemos condenados à liberdade. Para os existencialistas, as escolhas morais que fazemos são como a criação de uma obra de arte. Nossa vida, portanto, é a construção de um trabalho artístico.

Autodeterminação:

As consequências da perspectiva existencial é o homem posto no centro do mundo. Ele é tido como subjetividade a partir do ser e do nada: não podemos responder por que o homem existe, ou por que o ser humano não existe a partir de uma a partir de uma razão prévia. O homem não está determinado por nada, nem por Deus, e o homem se constitui no seu ser. Esta é a sua natureza: determinar-se a si mesmo.

O homem será aquilo que ele vier a fazer de si mesmo. Ele é o responsável pelo seu próprio destino. Existência precede a essência: Um dos mais básicos conceitos do existencialismo. O ser humano não nasce programado para nada. Ele não tem uma missão no mundo. Em um primeiro momento, apenas existe.

Consciência:

A consciência não é uma propriedade da natureza humana. Ela é a própria forma da existência. Criação O conceito de ser é íntimo da ideia de subjetividade humana. É na interioridade que o homem lida com a angústia e crise da existência.

Conceito de liberdade é justamente a entrada de cena do indivíduo como o maior responsável pelas decisões que são capazes de atribuir um sentido àquilo que ele vive. Por isso, quando se fala da perspectiva existencial, temos de ter em mente que a existência passa a ser vista de um plano diferente da visão científica ou da metafísica tradicional: para o existencialista, a existência é o fato cru, primeiro, que não é organizado por nenhuma essência.

A importância do aspecto existencial entra em cena história da filosofia pelo descrédito da ciência e da filosofia moderna para explicar o sentido do mundo a partir do discurso sobre as essências. Pode-se mesmo dizer que o existencialismo formulou o seu ponto de vista opondo a existência à essência. Por isso, a filosofia existencial opõe-se diretamente à tradição do humanismo clássico, que afirmava existir uma essência humana previamente dada, como vemos em Descartes, no início do Século 17.

Sujeito x objeto

A ideia de essência deixa de organizar o conhecimento. E a tarefa do discurso existencialista é mudar a relação clássica entre um sujeito que lida com o objeto, buscando a essência de todas as qualidades do que se pretende conhecer.

A estratégia que baliza o discurso existencial precisa desvincular ser e pensar. Deixa de existir uma valorização do pensamento como o grande atributo do homem. O pensamento é sempre algo posterior ao ser que pensa. É livre, e com isso pode atribuir um sentido novo à própria vida e ao mundo.

As ideias de religião, direito e Estado deixam de ser o centro organizador do pensamento existencial. Não há uma finalidade fixada, porque não há nenhuma teleologia da razão. Não se aposta em nenhum discurso ou conceito abstrato, mas sim no fato concreto do indivíduo vivo. A moral, as leis e a organização social são o fruto dessa liberdade consciente do homem e de sua história.

Na prática

Encontramos dos modos de vida prática dos existencialistas:

1) Reclusão espiritual: é o momento em que há um afastamento do mundo exterior e de suas aparências. O existencialista cristão exige certo isolamento para encontrar o apoio da reflexão religiosa sobre a existência.

As escrituras sagradas, a feição com a ascese e os rituais religiosos podem fazer parte do percurso de depuração do ser frente à realidade exterior. O existencialista ateu, por exemplo, pode encontrar apoio no exercício intelectual. Tem uma relação comum com a ascese religiosa, na medida em que a reflexão profunda sobre a existência requer leitura, escrita, e uma distância do modo de vida social vigente.

2) Militância política e social: É o contraponto do individualismo isolado, em que o existencialista se insere ativamente na sociedade, lutando pela construção de um novo sentido para a prática.

Sartre é sem dúvida o exemplo dessa posição. Existencialista e ateu declarado, dividiu a sua figura de pensador com a figura do militante nas ruas, na TV e nos comícios de partido. Viajou o mundo para disputar a concepção de valores e do sentido das práticas sociais. Simone de Beauvoir é a versão politizada do existencialismo feminino. Travou um disputa pública com a estrutura social baseada na figura do homem e do pai de família. Organizou coletivos feministas, ampliando a inserção da mulher não só na sociedade francesa, mas instigando outros movimentos políticos de emancipação na Europa e nos Estados Unidos.

Principais nomes

Søren Aabye Kierkegaard (1813-1855)

Primeiro autor a se qualificar como um existencialista. Reagiu à chave da filosofia platônica, que tentou sustentar o bem moral através de um critério universal, como um bem para todos, e não através de uma vocação individual.

Para o filósofo dinamarquês, não há uma base objetiva e racional para as ações morais. O engajamento pessoal é passional, é o pathos. Por isso sua filosofia se opõe ao sistema do idealismo absoluto em Hegel, que pretendeu forjar uma concepção inteiramente racional da humanidade.

A dialética hegeliana, que articula o objetivo e o subjetivo, transformou-se em Kierkegaard numa dialética qualitativa.

Ela deixa de ser uma relação entre o exterior e o interior, para existir apenas na subjetividade humana. É nessa dialética da interioridade que o indivíduo passa a ser visto pelo singular humano.

O drama da salvação do indivíduo está nos saltos da fé, que se impõem nas esferas kierkegaardianas da existência: o estético, o ético e o religioso.

Temor e Tremor (1843)

É talvez a obra fundamental de sua filosofia, porque ali encontramos os desdobramentos de todos os estágios. Friedrich Nietzsche (1844-1900). Sua influência no pensamento existencialista pode ser encontrada nas críticas às metafísicas tradicionais.

A adesão a uma vontade individual opõe-se a uma vontade geral e comum, e também ao pessimismo trágico de Schopenhauer. Mas, ao contrário de Kierkegaard, seu pensamento ataca o cristianismo com veemência.

A morte de Deus é o marco de uma filosofia que coloca o homem à luz das questões da existência, como o grande autor dos valores para si e para o mundo. A “transvaloração de todos os valores”, em Além do Bem e do Mal (1886), é o fato primordial do homem, que o coloca como um criador de valores. O homem valora a tudo e a si mesmo.

O valor enquanto saúde eleva o indivíduo e o torna elevado na “aristocracia dos poucos”. Por isso, A filosofia nietzschiana é tida em oposição às filosofias totalizantes e com apelos sociais.

É um antípoda ferrenho não só do adestramento resultante da religião, sobretudo a cristã, mas também dos valores sociais da democracia e do dogmatismo da razão.

Karl Jaspers (1883-1969)

A união entre a teologia e o existencialismo resulta de uma percepção da fragilidade do ser. A finalidade da filosofia não é exterior ao homem. A relação com o mundo exterior é a mediação que retorna ao homem, que na plenitude de seu ser provoca grandes rupturas. A ambiguidade da consciência opera em uma dependência mútua entre sujeito e objeto, como uma vida pensante que faz oscilar ambos os polos.

Nesse processo de conhecer o mundo, o sujeito não é fixo, mas uma contínua formação do homem. Em Jaspers, o Dasein (o ser-aí) é a condição humana, o símbolo da transcendência. A existência é uma chave para a compreensão do mundo, como o ideal do eu na experiência, que exprime a possibilidade mais profunda. É o mais íntimo, o inefável do homem, mas que pode se realizar apenas na “comunicação” (Kommunikation).

Em A Situação Espiritual de Nossa Época (1931), Jaspers apresenta esse primeiro aspecto de sua filosofia, em que a existência aparece como um meio onde está o conhecimento. É nele que se pode pensar a existência sem que ela mesma seja um objeto.

Martin Heidegger (1889-1976)

Na sua obra há uma recusa em dar à filosofia um fundamento racional definitivo. Faz uma crítica voltada, sobretudo, à fenomenologia de Edmund Husserl. Não é neste mundo que o homem é capaz de compreender a razão de sua presença.

Com a convicção da paixão, o homem é consciente da certeza da morte e da absurdidade última de sua própria vida. A contribuição de Heidegger ao pensamento existencialista encontra ecos nos problemas da ontologia e da linguagem.

Em Ser e Tempo (1927), ao acusar a metafísica como uma história do ente que jamais alcançou o significado fundamental do ser, Heidegger cunhou uma distinção entre o que é o ser e o que é existente. O homem como o ser existente é o “ser-aí”, o Dasein, e que é diferente das outras coisas do mundo. É um ente, uma simples presença no mundo, mas destacado, capaz de questionar o ser, e que possui uma compreensão sobre ele.

O homem é um projeto indefinido, inacabado e autodirigido, submetido a três condições e limites: o ser-no-mundo, o ser-com-os-outros e o ser-para-a-morte. O homem é projeção.

Definir é a atividade humana, sempre condenada a esse “espaço vazio”, capaz de conter e de buscar qualquer projeção. Para acompanhar um pensamento consequente, foi preciso que também se pensasse uma linguagem fundamental para colocar o problema do ser original.

A existência encarnada e ilustrada no homem não revela “o que” ele é, mas simplesmente que ele “é”.

Gabriel Marcel (1889-1973)

Em sua filosofia, a consciência é tida como signo da existência. O corpo do homem é aquilo que permite tomar consciência do que é existente e dá suporte ao conhecimento, aos afetos e à ação. E o que existe é o que pode ser consciente de seu ser. A existência é ela própria sem um fim, sem um telos, e não tem limites.

Ela pode ser redefinida constantemente. Em Marcel, aparecem os elementos da tragédia da vida e a experiência da ansiedade pelo fracasso, solidão e morte. A existência é uma crise para o absoluto.

Ser e Ter (1935) é uma de suas principais obras. Trata-se de uma crítica ao conhecimento abstrato e às ciências através de seu método, considerado uma reflexão secundária que é feita a partir do corpo e de sua situação na existência. Nela está contemplado o mistério que proporciona um tipo de verdade, moral e religiosa, que não pode ser verificada pelos procedimentos científicos.

Jean-Paul Sartre (1905-1980)

A filosofia francesa, sobretudo com Sartre, propagou o movimento existencialista como corrente filosófica. No contexto da Segunda Guerra Mundial, a filosofia de Sartre ganhou holofotes, declarando-se explicitamente ateia e pessimista.

O existencialismo sartriano, como uma forma de humanismo, procurou aliar-se à análise marxista da história como crítica e como discurso político.

O Existencialismo É Um Humanismo (1946) e Crítica da Razão Dialética (1960) colocam o centro da história na perspectiva da liberdade humana. Ela é originária, absoluta. Não é condicionada por nenhuma determinação anterior. Se há uma determinação no homem, é que ele é liberdade. Não como um atributo, porque ele não a tem. Ele é a própria liberdade, idêntica à sua própria subjetividade.

A liberdade não diz o que o ser humano é, mas o que ele virá a ser, como se expressa no emblema da filosofia de Sartre: “O homem está condenado a ser livre”. Há uma diferença da visão sartriana para os filósofos existenciais anteriores: o resgate do lado objetivo da filosofia. Por isso, seu existencialismo combina com o marxismo sobre a realidade humana e a história.

O homem tem o seu início e o seu fim como um processo histórico, e cada indivíduo tem a sua história. Existir é expressar o que é interior, mas sem se separar da sua existência externa, objetiva. Não há uma autonomia da alma interior diante do mundo externo.

Satre x Marx

Sartre procura ser fiel à dialética de Karl Marx (1818-1883), e assim lidar com a tensão entre o sujeito e as condições sociais em que ele está submetido. Um tipo de relação dialética, em que nenhum de seus termos será eliminado ou subordinado pelo outro. Ou seja, a experiência humana é o resultado da dialética entre a subjetividade humana e a história.

Pensar dialeticamente significa pensar essa relação de forma constitutiva. Tanto na história, como no indivíduo. Esse é o tema da alteridade, em Ser e o Nada (1943). O ser humano existe para si e para os outros e enquanto somos o sujeito, também somos o objeto para os outros sujeitos. Uma pessoa será também o que os outros fizerem dele.

Nos romances, Sartre expressou essa condição da existência humana em sua história e em suas personagens, como em A Náusea (1938) e O Muro (1964), dois romances importantes de sua produção literária. Albert Camus (1913-1960) Argelino, migrou para a França, onde desenvolveu seu pensamento.

Buscou em Heidegger um sentido para o ser-aí, abandonado no mundo. Ao mesmo tempo, esteve alinhado a Sartre com a ideia de que o mundo não confere significado aos indivíduos. Em sua obra vemos esse duplo cruzamento: a necessidade de uma busca pelo sentido fundamental do ser, e a condição humana de criar o significado da própria realidade que levou Camus a concluir sobre o “absurdo” do mundo.

Obras importantes

Em O Mito de Sísifo (1941), há um esboço de um ensaio sobre o absurdo. Evoca a personagem de Sísifo, herói grego condenado pelos deuses a empurrar uma pedra até o topo da montanha. No entanto, Sísifo, quando chega ao topo, a pedra cai e a tarefa tem de ser refeita. Nos temas de Camus, as personagens encarnam a angústia do homem, condenado à sua liberdade, mas que precisa sempre criar um sentido para a vida. E quando está próximo, a representação do mundo desaba, e se revela o nada e a certeza da ausência do sentido.

Em O Estrangeiro (1955), obra mais famosa de Camus, Meursault é a personagem principal, e que se depara pacificamente com os fatos trágicos de sua vida. A percepção do absurdo e o sobressalto de sua aceitação marcam um tema comum não só a Camus, mas a Sartre: existir é viver o hoje sem esperar por um amanhã. A morte é certa, mas seu sentido incerto. É a angústia de ser livre, de ser totalmente responsável, e não encontrar nenhum respaldo metafísico que dê um sentido último para a condição humana.

Simone de Beauvoir (1908-1986)

É uma expoente da junção entre a filosofia existencial e o feminismo teórico. Muito influenciada por Kierkegaard, participou do movimento emancipatório das mulheres, sobretudo na década de 1970. O problema da existência humana agora é ampliada para pensar a condição da mulher inserida na sociedade de caráter masculino.

Os temas do patriarcado, da sexualidade, do erotismo e da homossexualidade ganham destaque em seu pensamento. Simone de Beauvoir rastreou as aberturas nesse espaço vazio da significação da existência. Viu nele a possibilidade de uma disputa por novos valores e perspectivas sociais, em que a mulher pudesse conquistar um novo cenário político.

Essa nova visão sobre o problema do sujeito, no esfacelamento da vida pública no período pós-guerra, pode ser visto em O Existencialismo e a Sabedoria das Nações (1948), publicado na esteira do debate sartriano na França.

Outras visões

Positivismo:

A perspectiva existencial está em confronto direto com o positivismo científico do início do Século 20. O ideal da ciência, da expansão do conhecimento lógico e instrumental ganhou força na Europa, influenciando as lutas das unificações nacionais e o imperialismo das potências. E assim o problema da existência passou então a ser pensado também como uma contraposição aos chamados positivistas.

Podemos dizer que na cronologia desse embate, Kierkegaard seria a oposição de Augusto Comte, da mesma forma que Nietzsche, Jaspers e Sartre estariam distantes de Hans Kelsen, Rudolph Carnap e Otto Neurath.

Marxismo:

Outro ponto de discórdia é a relação entre marxismo e existencialismo. Para os marxistas ortodoxos, o existencialismo tende a ser compreendido na chave do subjetivismo exacerbado. Por exemplo, haveria uma recusa em se pensar a dialética do trabalho que encontramos em Karl Marx em uma operação conjunta à dialética subjetiva em Kierkegaard.

No entanto, Sartre fez dessa relação o centro da tensão de sua filosofia, e a filosofia existencialista então poderia ser inscrita no marxismo através de dois aspectos: Pelo foco na determinação econômica, sobre o modo de produção das relações de trabalho. Pelo fato de que os sujeitos expressam essa relação econômica pela singularidade. Há tanto as condições objetivas, como as relações subjetivas. E a experiência histórica está nessa tensão, em que a expressão dessas condições gerais se realiza no singular concreto.

Ramificações

A defesa da liberdade, a mudança do comportamento social e o embate com as gerações mais velhas também se pautaram em discursos sobre o sentido das regras morais, dos códigos de direito e do sufocamento da economia e do Estado na vida das pessoas.

A chamada “Escola de Frankfurt”: o diagnóstico radical da Dialética do Esclarecimento, publicada a quatro mãos por Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), trouxeram a presença indireta do existencialismo.

Adorno trouxe para o debate marxista parte de suas ideias, quando escreveu sua tese sobre a filosofia de Kierkegaard. Com elas, incorporou parte de suas críticas culturais, que já estavam presentes no filósofo dinamarquês. Horkheimer, por sua vez, leitor atento de Schopenhauer, incorporou o diagnóstico pessimista sobre a moral humana em suas análises sociais e sobre a crise bélica e econômica do mundo pós-guerra.

A escola de cinema existencialista:

o cinema incorporou muito dos temas existenciais e está presente até hoje. A lista de diretores é extensa e variada. Mas algumas matrizes são comuns no cinema internacional: o sueco Ingmar Bergman (1918-2007) e o dinamarquês Carl Theodor Dreyer (1889-1968) foram os expoentes. A geração posterior trouxe muitos nomes famosos: o francês Jean Luc Godard (1930), os italianos Rossellini (1906-1977) e Antonioni (1912-2007), o russo Andrei Tarkovski (1932-1986) e mesmo o norte-americano Woody Allen (1935). No Brasil podemos destacar o cinema marginal de Ozualdo Candeias (1922-2007), Walter Khouri (1929-2003) e o expoente Gláuber Rocha (1939-1981).

Vale ressaltar que as filosofias existenciais, justamente por não terem afinidade com a sistematização racional do pensamento, pode ser encontrada em diversos vínculos: do niilismo ao marxismo, das correntes liberais até o conservadorismo político e social. Portanto, não parece adequado falar em uma escola existencialista propriamente dita.

Tradição filosófica

No entanto, a tradição filosófica costuma dividi-la em dois marcos:

1) O existencialismo cristão: iniciado por Kierkegaard: aqui o pensamento sobre o ser e o nada está imbricado ao teísmo.

2) O existencialismo ateu: a partir de Sartre: é considerada a perspectiva mais radical, como a que encontramos a partir de Sartre. Escolas Posteriores: Contracultura e engajamento político: A partis dos anos 1940, o debate francês pós-guerra mundial contava com grande presença de filósofos existencialistas ou afins. Por ser um discurso capaz de articular engajamento político e social com a crise do indivíduo, parte do movimento da juventude de 1960 se espelhou em filósofos como Sartre e Simone de Bouvoir, Camus, Nietzsche e mesmo Kierkegaard.

Principais obras

Temor e Tremor (1843)

Søren Kierkegaard A obra está centrada na vontade divina. Kierkegaard analisa o momento em que Abraão viola todos os seus princípios éticos e aceita sacrificar seu filho Isaac após receber uma ordem de Deus.

Nas várias partes em que este relato está dividido, Kierkegaard, sob o pseudônimo de Johannes de Silentio, fala do absurdo que conduz ao abismo da fé. A angústia do temor frente ao nada é o tremor do desespero humano, incapaz de encontrar um caminho ético por conta própria. Abraão dá o grande salto de fé pela submissão religiosa aos mandamentos de Deus, capaz de sentir a intensidade do dever, em que a consciência está plena na eterna validez do seu ser.

O Conceito de Angústia (1844)

Søren Kierkegaard Assinada pelo pseudônimo Vigilius Haufniensis, o ponto central dessa obra é o papel ativo do indivíduo e sua responsabilidade diante da angústia e do desespero humano. Kierkegaard procura pensar a concupiscênciade Adão não como algo progressivo, quando a ética se perderia, mas através de um salto, de uma ruptura clara.

O problema do mal tem de ser tratado nesta ótica para que seja possível falar sobre a responsabilidade humana diante da vida. Seja com Adão, ou em cada um de nós, o que há é uma angústia que nos aproxima de nossas próprias possibilidades em direção ao desconhecido.

O que está em jogo na angústia é a força da interioridade: de um lado, a inocência, a síntese entre o finito e o infinito. De outro, o pecado, o desespero ao cair na má síntese. O homem nasce como um ser humano, mas precisa tornar-se a si mesmo como salvação.

Ser e Tempo (1927)

Martin Heidegger Até o Século 20, a filosofia teria caído no “esquecimento do ser”. Heidegger remontou até a tradição aristotélica e escolástica para reconstruir o conceito a de ser a partir de uma nova investigação.

A estratégia da obra está em abandonar a ontologia do ser em geral para pensar o ôntico, que diz respeito aos entes no mundo. O Dasein, em sua pre-sença e ex-istência, tido como o estar-aí do homem, seria esta condição genética, mas que não pode ser postulada, e sim reconstruída. Essa análise está contida em parte no Primeiro Livro de Ser e Tempo.

A Segunda Parte, prometida, não chegou a ser feita, ou publicada. Mesmo assim, esta obra deixa um legado importante para a história da filosofia, onde Heidegger trouxe novas formas para repensar o conceitos de ser.

A partir do período pós-guerra, com esta obra, desde os anos 1930 Heidegger passou a ser debatido na Europa e figura como um dos grandes nomes da filosofia. Além do Bem e do Mal (1886) – Friedrich Nietzsche Um dos escritos mais polêmicos do Século 19.

Encontramos uma crítica mordaz às correntes filosóficas e vigentes até então, focado sobretudo nos julgamentos morais do homem. Dividido em nove seções, Nietzsche percorre muitos temas através de aforismos. Trata de uma concepção de liberdade do homem voltada para uma filosofia do futuro, capaz de dotar o homem dos valores da saúde.

A “transvaloração de todos os valores” seria a recusa dos valores da religião, sobretudo a cristã, responsável por ter tornado o home fraco e misericordioso. Numa análise sobre a situação política e social da Europa, Nietzsche também refuta a idéia de uma sociedade coletiva de massas, através de uma crítica ao socialismo, que seria uma falsa tentativa par ampliar a liberdade do homem.

A situação espiritual de nossa época (1931)

Jaspers Trata-se de uma análise sobre o equilíbrio espiritual na História. Jaspers analisa os principais aspectos de sua realidade contemporânea, em que a tarefa do filósofo é compreender o homem no tempo.

A relação entre fé e filosofia visa as causas da decadência generalizada cultural na década de 1930. A psicanálise e o marxismo são dois objetos de crítica, mas também de apoio para a sua concepção de “transcendência misteriosa”, que seria um ponto luminoso para a mudança na humanidade.

Um dos problemas centrais da obra é a forma como Jaspers procura colocar a vida cristã e da Igreja “no mundo da época” como lugar privilegiado de uma nova compreensão espiritual da história.

A Náusea (1938)

Jean-Paul Sartre. Um romance que une a sua filosofia existencialista à narrativa literária. Antoine Roquetin, um historiador fictício, viajante, registra em seus diários os percursos e suas reflexões sobre o sentido da existência.

Ao viajar pela Europa inteira, ele se estabelece em Bouville, uma pequena cidade portuária da França. Este é o último fato de sua vida, a partir do qual escreve seu diário. Solitário com as suas próprias idéias, Roquetin dá vazão às idéias sobre o sentido da existência e de como ela pode ser vazia e sem significado.

A crítica ferina de Sartre se dá no momento em que as náuseas tomam conta da personagem a cada momento em que ela se depara com a realidade. A sociedade francesa é vista em sua futilidade, acusada de burguesa, refém do jogo de aparências e, castrando a liberdade primeira do indivíduo.

O Existencialismo é um humanismo (1946) 

Jean-Paul Sartre É um ensaio feito a partir de uma de suas conferências. É considerada a obra mais emblemática das filosofias existenciais. É dotada de um caráter humanista, ao colocar o homem como o grande legislador do mundo e de si mesmo.

No contexto de reconstrução europeu da segunda guerra mundial, Sartre dá um panorama geral de sua filosofia, numa crítica ampla ao existencialismo cristão, trancado no quietismo e no desespero individualista. Sartre pensava em um existencialismo político, declaradamente ateu, colocando o homem como o único responsável pela vida social.

O nada do existir humano revela um vazio que deve receber um sentido e transformação da realidade. A angústia diante do mundo é o motor para a ação e para a construção permanente da subjetividade do indivíduo.

O Mito de Sísifo (1941)

Albert Camus Um ensaio filosófico sobre o absurdo. No último capítulo, em especial, Camus compara o dilema da existência humana a Sísifo, personagem da mitologia grega, filho do rei Éolo, considerado o mais hábil para ajudar na mudança da vida dos homens.

Sísifo, condenado a rolar as pedras ao subir uma montanha, fracassa quando está mais próximo de alcançar o topo. O paralelo com esse mito foi o manejo de Camus para apresentar a crítica existencialista à sociedade do Século 20. Os modos, costumes e regimentos das leis não parecem tão distantes da angústia de Sísifo, porque toda vez que os homens tentam alcançar o repouso e o sucesso, fracassam nos seus objetivos.

É como se estivessem sempre a rolar pedras, sem nunca alcançarem os seus objetivos. Ao lado dos ensaios filosófico-literários de Sartre, Camus foi bastante lido e debatido nesse período de ouro do existencialismo francês dos anos 1930 e 1940.

O existencialismo e a sabedoria das nações (1948) – Simone de Beauvoir Na esteira do debate francês, combina um conjunto de textos que foram publicados pela primeira vez na revista Les Temps Modernes, fundada em 1945 por Simone de Beauvoir e Sartre.

A originalidade da obra pode ser conferida no manifesto feminista que ela contém. Nos quatro capítulos que divem os textos, Simone de Bouvoir passa por temas políticos e amplos, os problemas estéticos da literatura e sobretudo a relação entre moral e sociedade. A crítica ao patriarcalismo e o papel secundário da mulher são o ponto de partida para a defesa de uma concepção de liberdade radical e que pretende ser transformadora.

Fontes e inspirações

Embora a filosofia existencialista tenha nascido no século 19, encontramos subsídios nas obras de filósofos e escritores pré-modernos: Blaise Pascal (1623-1662): Na filosofia moderna, é o primeiro expoente a se opor ao racionalismo de seu contemporâneo René Descartes.

Nos Pensamentos (Pensées, 1670), Pascal afirma que’não é útil uma filosofia sistemática que pretenda explicar Deus e a humanidade. Como mais tarde vão confirmar os existencialistas, o autor analisa a vida humana nos termos dos paradoxos: o eu humano, a fé do corpo e do espírito é em si um paradoxo e uma contradição.

Uma prova desse sentimento filosófico está em sua frase imortal: “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Friedrich Heinrich Jacobi (1743-1819): Sua filosofia é dedicada a combater os herdeiros do idealismo kantiano, notadamente Fichte (1762-1814) e Schelling (1775-1854). Há uma defesa do individualismo na sua perspectiva filosófica.

Contato com as realidades

É através da intuição que a consciência humana pode estabelecer um contato com as realidades supremas, em especial com a liberdade, irracional por excelência. Há uma presença muito forte da crítica à razão, sobretudo ao apoiá-la no “sentimento do ser imediato”, privilegiando uma teoria intuicionista e uma defesa do realismo.

É o imediato que dá o sentido à teoria do conhecimento, da matemática e da lógica, e da representação em geral. Jacobi procurou resgatar um sentido autêntico à teologia, opondo-se à distinção kantiana clássica entre coisa-em-si e fenômeno. Kant teria suspendido essa certeza da intuição e de Deus através desse da coisa-em-si, e a única saída, para Jacobi, seria uma compreensão adequada da relação entre intelecto e razão, resgatando o sentido da fé. O “salto mortale”, a sua expressão mais conhecida, aponta para esse salto diante da fragilidade da razão: é preciso que o homem deixe fechar os olhos e entregar-se àquilo que sustenta a sua existência, que jamais poderia conhecer pela inteligência racional.

O caráter místico o fez dialogar constantemente com figuras como Goethe e Hamann, e sua filosofia preludiou o romantismo posterior.

Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775-1854):

Um dos nomes mais influentes da escola do idealismo alemão. Suas investigações metafísicas tiveram muito afinco com o problema da subjetividade.

Nas Investigações Sobre a Essência da Liberdade Humana (1809), encontramos vários dos motes e temas do existencialismo: a noção de crise e decisão, a angústia da vertigem do homem diante da sua liberdade entre a escolha do bem e a escolha do mal.

Em sua Filosofia da Revelação (publicada posteriormente em 1858), há uma distinção entre uma filosofia positiva e uma filosofia negativa, em que Schelling procura mostrar como o negativo da razão jamais pode alcançar enquanto tal o positivo do ser. A forma finita do homem é o feixe de possibilidades que revela o infinito. No entanto, a concepção de mundo schellingueana é ainda bastante idealista.

O absoluto é a noção central, em que o ser pode conceber apenas a si próprio como um suprahistórico que dá origem e sentido à história humana. O mal no homem é a sua história, o distanciar-se do saber absoluto em suas várias etapas, enquanto filosofia negativa. A reconciliação é o exercício da liberdade do eu para participar do ser da infinitude deste absoluto, revelando-se como uma filosofia positiva.

Arthur Schopenhauer (1788-1860):

Pode ser considerado um pensador próximo da tradição existencial, salvo a conexão entre ser e essência da sua noção de vontade. Schopenhauer foi também um crítico ferrenho às metafísicas de cunho racional. O indivíduo é algo que se destaca em seu pensamento.

O trágico, o absurdo da vida e a ausência de sentido o deixam próximo do sentimento agudo e massacrante da crise na existência. Em sua grande obra, O Mundo como Vontade e Representação (1819 – 2ª edição de 1844), a vontade é tida como o grande nada para além do mundo da representação, abrindo as portas para o ateísmo e a inspiração do niilismo da segunda metade do século 19.

No entanto, como Schopenhauer é ainda bastante devedor da crítica kantiana, ainda admite a distinção entre coisa-em-si e fenômeno, que são realojadas, respectivamente, como vontade e como representação.

O ser da vontade é pensado também como a sua essência, num passo ainda aquém da guinada radical do existencialismo kierkegaardiano. É neste último que encontramos a cisão entre pensar e ser, deslocadas das essências metafísicas. Encontramos muitos rastros da visão existencialista na cultura ocidental.

Literatura: Fiodor Dostoievski (1821-1881):

Expressa, em seus livros, essa tensão entre a salvação e a falta de sentido do mundo para as personagens, como em Crime e Castigo (1866) e Irmãos Karamazov (1879).

Franz Kafka (1883-1924):

Outro importante expoente, em que encontramos o conflito entre a burocracia e o indivíduo nos Estados modernos, como em A Metamorfose (1915).

Herman Hesse (1877-1962):

Autor muito lido na segunda metade do Século 20, com O Lobo da Estepe(1927).

Brasil:

O Grande Sertão: Veredas (1956) de João Guimarães Rosa, e Clarice Lispector, com A hora da Estrela (1977) encabeçaram os autores mais conhecidos dessa tradição.

Teatro:

A presença do tema do absurdo virou motivo cênico em autores como Eugène Ionescu (1909-1994), como em O rinoceronte (1860), e Samuel Beckett (1906-1989), em Esperando Godot (1952).

Cinema:

Dois diretores nórdicos estrearam clássicos que marcaram a história do cinema: o sueco Ingmar Bergman (1918-2007), com O Sétimo Selo (1956), e o dinamarquês Carl Theodor Dreyer (1889-1968), em A Palavra (1955). Filosofia: Outros teóricos importantes também foram influenciados: a fenomenologia do filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938), e os teólogos Paul Tillich (1886-1965) – alemão, o austríaco Martin Buber (1878-1965) e o suíço Karl Barth (1886-1968).

Fontes de pesquisa

http://etimologias.dechile.net/?existencialismo
http://www.espacefrancais.com/lexistentialisme/
http://www.universalis.fr/encyclopedie/gabriel-marcel/
http://www.cairn.info/l-existentialisme–9782130562085-page-5.htm http://www.cvm.qc.ca/ccollin/conception/existentielle/communs.htm http://www.universalis.fr/encyclopedie/philosophies-de-l-existence/
http://lacademie.wordpress.com/tag/karl-jaspers/
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http://www.ulaval.ca/phares/vol11-hiver11/texte06.html​ http://www.colby.edu/french/fr128/splocher/existentialisme.htm http://www.larousse.fr/encyclopedie/divers/existentialisme/50475 http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/17/artigo69946-1.asp http://www.youtube.com/watch?v=ct1FfOGvBkY http://www.universalis.fr/encyclopedie/simone-de-beauvoir/ http://www.pagina12.com.ar/diario/psicologia/9-202722-2012-09-06.html http://www.sorenkierkegaard.com.ar/index2.php?clave=trabajo&idtrabajo=51&clavebot=jornadask
http://plato.stanford.edu/entries/sartre/
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http://www.pitt.edu/~wbcurry/nietzsche.html

Cronologia: Blaise Pascal (1623-1662)

Pensamentos (Pensées, 1670)

Friedrich Heinrich Jacobi (1743-1819)

Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775-1854)

Nas Investigações Sobre a Essência da Liberdade Humana (1809)

Arthur Schopenhauer (1788-1860)

O Mundo como Vontade e Representação (1819 – 2ª edição de 1844)

Søren Aabye Kierkegaard (1813-1855)

Temor e Tremor (1843)

O Conceito de Angústia (1844)

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Além do Bem e do Mal (1886)

Karl Jaspers (1883-1969)

A Situação Espiritual de Nossa Época (1931)

Martin Heidegger (1889-1976)

Ser e Tempo (1927)

Gabriel Marcel (1889-1973)

Ser e Ter (1935)

Jean-Paul Sartre (1905-1980)

A Náusea (1938)

Ser e o Nada (1943)

O Existencialismo É Um Humanismo

(1946) Crítica da Razão Dialética (1960)

Albert Camus (1913-1960)

O Mito de Sísifo (1941)

O Estrangeiro (1955)

Simone de Beauvoir (1908-1986)

O Existencialismo e a Sabedoria das Nações (1948)

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