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Gerais

Uma natureza tão humana no lixo

Contra a fragmentação e o consumismo, Jaime Pradês recicla madeiras que encontra na rua
Bruno Torres
27/09/19

“A cultura urbana estabeleceu uma relação invertida de valores onde a terra, os bens naturais e o planeta são inferiores em relação às necessidades culturais e, assim autorizados pela ignorância e o imediatismo, vamos emporcalhando os rios, acidificando os mares, envenenando a terra e contaminando os ares”, escreve o designer e artista plástico Jaime Pradês em texto exclusivo ao Portal NAMU.

Natural de Madri, na Espanha, ele veio para o Brasil aos 12 anos e foi um dos criadores do grupo pioneiro de grafite Tupinãodá. Pradês criou a série Natureza Humana com pedaços de madeira encontrados na rua para reconstruir árvores. Junto às esculturas, ele também expôs ilustrações que refletem o nome do conjunto de obras.

Homem – 2010

“Vivemos numa cultura que tem como único propósito ganhar dinheiro e gastá-lo e que nos convence que isso é o que nos traz felicidade. O dinheiro transformado em deus e todos nós em escravos de um sistema que nos torna dependentes de tudo que é necessário para viver. Somos obrigados a comprar água tratada, a respirar ar contaminado, a comer alimentos industriais desvitalizados e envenenados."

Buda - 2010

"A cultura urbana estabeleceu uma relação invertida de valores onde a terra, os bens naturais e o planeta são inferiores em relação às necessidades culturais e, assim autorizados pela ignorância e o imediatismo, vamos emporcalhando os rios, acidificando os mares, envenenando a terra e contaminando os ares. Combatemos a vida como se fosse a nossa inimiga. Estamos em guerra contra ela. Perdemos totalmente a noção de interrelação e interdependência entre todos e tudo."

Conjunto de obras

"A imensa roda civilizatória se movimenta pela divisão e fragmentação científica de todos os corpos, desde o átomo até os oceanos. Estabelecemos fronteiras e divisões para nos apoderarmos do que é patrimônio da vida. E, nessa fragmentação compulsiva, saltam aos meus olhos os restos das árvores expostas nas caçambas da cidade. Esses resíduos representam a fase terminal da exploração das madeiras e da destruição das florestas."

Adão e Eva - 2010

"Natureza Humana recolhe e reúne os fragmentos de madeiras desprezados nos lixos para evocar em esculturas a impossibilidade de retornarem ao seu estado original. Como um grito de alerta no silêncio da meditação propõe a observação do que se torna inútil e invisível aos olhos do que é considerado sem valor."

 

Árvore quadrada – 2009

"Ao mesmo tempo reúne as reminiscências que esses resíduos carregam: as suas memórias como natureza e como cultura. Desde as paisagens às quais pertenceram até a cumplicidade daqueles que conviveram com os objetos em que foram transformados."

Jaime Pradês na rua em São Paulo – 2009

Árvore Cortada - 2010


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