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Oceanos e Rios

Satish Kumar e o Rio Doce

Em visita ao Brasil, o sábio indiano enfatizou a urgência de mudarmos a nossa relação com a natureza
Bruno Torres
27/09/19

“A natureza não é apenas uma fonte de recursos para a economia. Ela é uma fonte de recursos para a vida, o que é muito maior. Ela não está apenas fora, nós somos a natureza. Somos um único planeta Terra. Nós temos a responsabilidade de cuidá-lo”, afirmou com veemência o ativista indiano Satish Kumar em visita ao Brasil.

Quando jovem, Satish caminhou da Índia aos Estados Unidos passando por Moscou, Londres e Paris para levar mensagens de paz aos líderes mundiais. Ele é cofundador da Schumacher College, um centro de estudos sobre ecologia e holismo situado na Inglaterra que existe há mais de 20 anos, já formou milhares de pessoas e, recentemente, instalou uma unidade no Brasil.

Parecem óbvias as palavras de Satish, mas, quando se trata de pôr em prática, o Brasil ainda está longe de demonstrar algum respeito pela natureza. Há poucas semanas, presenciamos um dos piores desastres ambientais da história no país. As perdas são irreparáveis. Vidas humanas, peixes, árvores, um rio inteiro e todas as milhares de espécies que viviam nesse ecossistema. “O capitalismo é incapaz de entender que a vida não volta com dinheiro”, constatou uma montagem que circulou pelas redes sociais. Não foi acidente. As empresas Samarco e a Vale do Rio Doce são culpadas e precisam ser responsabilizadas como tais.

Como se não bastasse os prejuízos da tragédia, o novo Código da Mineração que está para ser votado no Congresso prevê retrocessos ao meio ambiente e às populações afetadas em benefício do crescimento da atividade no país. “A economia se transformou em egonomia”, reiterou Satish em sua fala - o que fica claro nessa situação brasileira. “O verdadeiro banco é o banco da Terra em que você planta uma semente e nascem vários frutos”, comparou o indiano.

O editor e ativista social indiano Satish Kumar discursa em uma sala de aula
O editor da revista Resurgence e ativista social indiano Satish Kumar clama pelo respeito à natureza 

Há milhares de pessoas conscientizadas da gravidade da situação e que estão buscando ajudar. Uma iniciativa é a Expedição Rio Doce Vivo que quer levar uma equipe interdisciplinar às margens do Rio Doce para ensinar às comunidades locais soluções como cisternas e técnicas embasadas na permacultura. A expedição está em campanha de financiamento coletivo para quem quiser ajudar.

Apesar da boa vontade de muitos, sabemos que dez pessoas mal-intencionadas no poder político ou no comando das grandes empresas têm potencial para causar um estrago gigantesco. Será preciso tempo, muito trabalho e investimento financeiro para recuperar que seja um pouco do Rio Doce. “Nós temos que retirar da natureza o que atende às nossas necessidades e não à nossa ganância”, concluiu o sábio indiano.

Os ensinamentos de Satish vão de encontro com a sabedoria das comunidades tradicionais ribeirinhas, caiçaras, indígenas e quilombas que tanto têm a nos ensinar, sobretudo, quando se trata de viver em harmonia com a natureza. Esperamos que essas vozes ecoem mais forte e sejam escutadas e compreendidas.

Foto: Miki Yamanouchi / Flickr: mikiymissing


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