Com a expansão das grandes cidades, é normal ver áreas verdes serem transformadas em casas e prédios. A paisagem é sempre a mesma, um imóvel ao lado do outro com cores parecidas e mesmos tamanhos. Parece que o ser humano foi criado para estar isolado de tudo o que diz respeito à natureza. Alimentos naturais? Só os que o supermercado fornece, sem ao menos identificar por onde esses produtos passaram. Mas graças a diversas pessoas e organizações, já é possível ver pequenas mudanças nesse quadro.
A ideia de cultivar nas metrópoles não é de hoje. Hortas urbanas existem há anos e ajudam a melhorar os hábitos alimentares de quem usufrui dos alimentos locais. “As nossas avós e bisavós sempre plantaram na cidade. Esse assunto ficou um pouco esquecido no fim do século XX, mas não que tenha desaparecido. Nas periferias, a população de baixa renda manteve esse hábito”, relata a jornalista e agricultora urbana Claudia Visoni.
Horta das Corujas / Luana Viegas
Além proporcionar alimentos frescos e saudáveis, já que a maioria não possui agrotóxicos, as hortas urbanas promovem o convívio social e melhoram o ambiente em que estão alojadas. Terrenos sujos e largados podem se tornar espaços aconchegantes e cheios de vida. Até mesmo aquele cantinho com lixo pode ser transformado.
Por enquanto, não é possível contabilizar quantas hortas há espalhadas pelas cidades no Brasil, mas as expectativas são grandes.
“Elas têm vários aspectos, podem existir tanto em um quintal, ou varanda de apartamento, quanto em uma instituição ou espaço público, como é o caso das hortas comunitárias. Também tem as urbanas comercias, onde pessoas plantam para vender os alimentos na cidade”, declara Visoni.
Horta das Corujas / Luana Viegas
Em bairros de classe média, como a Vila Madalena, em São Paulo, existem alguns modelos de hortas comunitárias. Uma das mais conhecidas nos arredores é a Horta das Corujas, a primeira da cidade. Construída em 2012, ela é aberta e qualquer pessoa pode entrar na hora que quiser. Lá acontecem mutirões e quem visita o local pela primeira vez acaba por ter uma experiência única, até mesmo para quem não sabe muito sobre educação ambiental.
As regras são simples:
Não pode
- Plantar árvores e nem espécies ornamentais
- Retirar plantas inteiras
- Trazer sucatas
Liberado
- Plantar e colher
- Ajudar nos cuidados
- Trazer mudas de hortaliças
- Trazer composto pronto e biofertilizante
Horta das Corujas / Luana Viegas
Horta das Corujas / Luana Viegas
Horta das Corujas / Luana Viegas
Horta das Corujas / Luana Viegas
Como a Horta das Corujas é comunitária, não cobra pelos alimentos, mas é preciso ter consciência e só levar o que realmente precisar.
Há ainda outros exemplos desse tipo de trabalho, como a comercial. “Uma horta comercial tem outro modelo de funcionamento. A colheita não é livre, existe uma ou várias pessoas que trabalham lá e tiram dali o seu sustento”, esclarece Visoni, que também é voluntária na Horta das Corujas.
O modelo comercial, muitas vezes, foca em alguns tipos de alimentos. Por exemplo, você pode plantar só temperos como coentro, salsinha, manjericão e hortelã, ou também cultivar tomates e morangos. Vai do desejo de cada um.
Horta das Corujas / Luana Viegas
Confira a entrevista exclusiva de Claudia Visoni ao Portal Namu:
Solange Roldão, 53 anos, é dona de casa e tem uma horta em casa. Manjericão, alecrim, capim-cidreira, citronela, orégano, chuchu, hortelã, tomilho e tomate estão entre os alimentos que ela cultiva no seu quintal.
Desde criança, Solange teve contato com diversos tipos de plantas. Quando foi morar sozinha pela primeira vez não abandonou essa cultura e fez sua primeira horta. “Gosto muito de plantar e mexer com a terra. Comecei a comprar alguns temperos no mercado e depois de usar passei a não jogar fora o que sobrava. Colocava na água e esperava brotar”, conta Solange.
Alecrim e manjericão / Solange Roldão
Para a dona de casa, ter sua própria horta é importante, pois as plantas estão sempre frescas e não possuem agrotóxicos. “Você sabe a origem da água que está regando as plantas e sempre que precisa estão à sua disposição. É muito fácil cuidar, basta ter sol, água e vontade”, reforça Solange.
Hortelã / Solange Roldão
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