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Saúde

Aromaterapia contra o estresse

Pesquisadoras falam dos benefícios, riscos e estudos feitos no Brasil sobre óleos essenciais
Bruno Torres
08/03/15

São muitas as causas que levam ao estresse e à ansiedade. A despeito da idade ou posição social, não faltam exigências e cobranças cotidianas, sejam de adequação ou de competição. Em níveis acentuados, isso pode prejudicar a qualidade de vida e o desempenho de modo geral. Tratar ou prevenir esses desequilíbrios pode ser mais simples do que se imagina.

Relativamente recente no Brasil, a aromaterapia pode reduzir e prevenir estresse e ansiedade. Esse tipo de terapia já poderia inclusive estar à disposição da população na rede publica de saúde. “A aromaterapia pode ser aplicada como técnica complementar por ser parte da fitoterapia, já usada na rede pública”, defende Cassandra Lyra, doutoranda em psicologia social no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

Ela diz não saber por que a aromaterapia ainda não ganhou espaço na saúde pública brasileira. “É mais tradicional na Europa. Por lá, em alguns países, já está disponível na rede pública”, conta. "Questões políticas, educativas e culturais podem ser as responsáveis pela aromaterapia ainda não estar acessível a todos”, suspeita Lyra. “Por ser uma profissão muito recente, carece de órgão de classe e força como categoria profissional”.

Um entrave apontado pela pesquisadora é a falta de legislação que deixa a terapia em um território livre, o que pode ser perigoso. “Cursos de formação são muito variados em tempo, profundidade de conhecimentos e outros tópicos. Tem muita gente por aí falando que faz aromaterapia, mas sem saber o que está realmente fazendo”, alerta.

Eficácia

Recentemente, Lyra esteve à frente de estudo sobre a eficácia da aromaterapia. O objetivo foi justamente avaliar o efeito do uso de óleos essenciais no cotidiano não tão tranquilo dos alunos da área de saúde da USP. Segundo ela, os estudantes faziam inalação com uma combinação de óleos essenciais de lavanda, laranja azeda, ylang ylang e cedro, em sessões de dez minutos com inalador elétrico, duas vezes por semana, durante um período de oito semanas.

A pesquisa, que teve a participação das fisioterapeutas Larissa Sayuri Nakai e Amélia Pasqual Marques, foi realizada estrategicamente em época de provas e no final do semestre acadêmico. Participaram alunos com idades entre 18 e 29 anos. Avaliações antes e depois da pesquisa atestaram a eficiência dos aromas. “Diminuiu os níveis de estresse e ansiedade desses alunos e preveniu que piorassem durante fases de tensão”, avalia Lyra.

No entanto, a pesquisadora observa que a aromaterapia está ainda em processo de comprovação científica, e que, portanto, é preciso mais estudos para entender de forma mais profunda os mecanismos de ação dos óleos essenciais, tal como os resultados apresentados em sua pesquisa.

Contraindicações e cuidados

ASegundo especialistas, para pessoas com epilepsia, hipertensos, gestantes e crianças, a indicação feita por um especialista é fundamental. Pacientes de tratamento homeopático devem evitar alguns óleos. De acordo com a aromaterapeuta Gorethi Moura, a explicação para as contraindicações está na composição química dos óleos essenciais.

“Alecrim e lavanda, por exemplo, são contraindicados para quem faz uso da homeopatia, porque estes óleos contêm cânfora, uma cetona, em sua composição, que pode afetar a ação dos remédios homeopáticos”, explica.

“Óleo de canela é contraindicado para gestantes por ser emenagogo, ou seja, possui propriedade terapêutica que induz à menstruação e pode promover um aborto espontâneo”, prossegue Moura.

Jasmim e sálvia esclaréia são outros exemplos de óleos contraindicados durante a gravidez, segundo a terapeuta. “Por suas propriedades parturientes, ou seja, são usados em momento próximo ao parto, como facilitadores do mesmo”, diz.

Já os óleos essenciais cítricos, prensados a frio, são fotossensibilizantes, indicando que não podem ser usados na pele durante exposição ao sol. “Aliás, após o seu uso, recomenda-se a exposição somente após 8 horas de uso. Há autores que falam em 12 horas”, acrescenta.

Evitar o contato com os olhos

Alguns cuidados mais gerais também são importantes, adverte a aromaterapeuta Cassandra Lyra. “Não deixar cair nos olhos, não aplicar nas pálpebras, e em mucosas, evitar o uso via oral sem orientação profissional. Não usar em lesões de pele abertas e guardar os produtos em local seco, fresco e longe do sol”.

Lyra observa ainda outros usos são contraindicados, como em idosos com doenças graves e em animais.

Menopausa

Cassandra Lyra acaba de realizar outra pesquisa envolvendo óleos essenciais, desta vez associando os aromas aos exercícios respiratórios da yoga, nos sintomas de menopausa. “Fizemos inalação de óleos essenciais durante a prática dos exercícios de respiração, agora vamos verificar a significância estatística das melhoras apresentadas”, diz.

Realizado também na USP, com colaboração entre o Instituto de Psicologia e o Centro de Práticas Esportivas, o estudo está ainda em fase de análise e, segundo a pesquisadora, resultados devem ser divulgados no próximo semestre.

Aromas e o amor

Para não ver algo basta fechar os olhos. Se não quiser ouvir algum som é só tapar os ouvidos. Para não falar nada só fechar a boca resolve. Quando queremos negar um abraço, cruzar os braços é o bastante. Difícil mesmo é deixar de sentir um cheiro. “Felizmente, ou infelizmente para alguns, é impossível deixar de cheirar o que nos cerca”, afirma a aromaterapeuta Gorethi Moura.

Por isso, não é errado supor que um bom perfume possa influenciar nas relações sociais e até dar aquele empurrãozinho no amor. Com formação em terapia comunitária e especialista em terapia de família e de casal, Moura há tempos está de olho nisso. “A impressão olfativa, promove muitas das nossas respostas instintivas aos outros, como atrações e repulsas”, diz.

Ela conheceu a aromaterapia no final dos anos 1980, quando ainda atuava como jornalista. Desde então, tem se debruçado sobre o tema. Hoje, além de trabalhar como terapeuta, é professora do curso de Extensão em Aromaterapia pelo departamento de Enfermagem da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

Ela é autora do e-book Aromas do amor, um guia de cheiros que podem fazer a diferença em momentos cruciais. “Sem percebermos, temos nossa impressão olfativa, como ‘termômetro’ para escolha do nosso par”. Outra aromaterapeuta, a norte-americana, Tara Fellner, concorda com ela: “Nossa reação ao odor é imediata, visceral, intensa”.

As afirmações de Gorethi e Tara encontram um respaldo de relevo na voz de umas das pioneiras do estudo do olfato no Brasil, Bettina Malnic. “De todos os sentidos, o olfato é o mais intimamente ligado com as regiões do cérebro envolvidas com as emoções”, diz. Autora do livro O cheiro das coisas, Bettina Malnic é doutora em bioquímica e biologia molecular pela Universidade de São Paulo e pós-doutora em neurociências pela Universidade Médica de Harvard, nos Estados Unidos.

Foto: Thinkstockphotos


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